sábado, 27 de fevereiro de 2010

Concentração de conhecimento------------} Concentração de renda

O que se verifica na atualidade do ensino brasileiro, tanto o básico, quanto o universitário é uma clara concentração de conhecimento. O propósito parece saltar aos olhos dos clarividentes: por essa via, deseja-se adiar o sonho da esquerda inicialmente debatido por Karl Marx,ou seja, a cooperação epistemológica(do conhecimento) ,a divisão dos bens, o fim da classe e da propriedade, em um momento de autonomia das pessoas quando esse filósofo previu o último estágio da humanidade. Estamos a presenciar um ensino mentiroso e farsante( ``ensino bancário``, nos dizeres do saudoso Paulo Freire), em que os porquês e os para ques não são debatidos. Se um aluno começa a questionar a utilidade de certo conhecimento discutido na universidade ou na escola é rapidamente rechaçado de forma hostil por falsos educadores. Os alunos perderam autonomia, são tratados como objetos por professores que se arrogam o título de sujeitos. Na verdade, ambos são sujeitos, mas essa relação epistemológica foi pervertida por ordens escusas, que não estão comprometidas com a verdade, mas com o poder. Para dar exemplos da bancarrota do ensino, cito a falta de possibilidade de o aluno escolher matérias para estudar, tudo é imposto, nada é escolhido. É obrigado dar presença na aula e a avaliação ocorre mediante NOTA!!!!!!!!( Paulo Freire disse que o sistema de notas é o câncer do sistema de ensino). Tudo isso amputa, destroe, aniquila o que o eminente educador chamava de CURIOSIDADE EPISTEMOLÓGICA. O conhecimento não é construído com base nela, mas é imposto de forma arbitrária e sem nenhuma contextualização prática. Nunca fui a um tribunal por meio da universidade. Quando estagiei na justiça cível, foi por minha conta. Um ensino tecnicista que não vai à prática!!!!!! É a mesma coisa de querer formar um pedreiro ou um marceneiro sem colocar suas mãos na massa.( Obviamente, sem demérito aos citados trabalhadores). Não é apenas uma questão ideológica( de ser conservador ou progressista), mas de ser inteligente. Além do ensino jurídico estar ideologizado para o espectro da direita política, ele também está burro. O pensamento conservador jurídico já teve célebres representantes, Pontes de Miranda,por exemplo.Mas o que se verifica atualmente é uma coisa capenga, caricata. O que deveria ocorrer é a maior proximidade entre teoria e prática, mas corromperam essa relação passando-nos informações da prática embutida na teoria. Isso é uma prostituição do ensino!!!!!!!!! Esse tipo de educador quer que a teoria vire blablablá. Uma teoria vazia e uma prática inexistente, o que serão formados?????? Basta citar um dado estarrecedor: mais de 80% dos candidatos ao exame de ordem são reprovados anualmente pela OAB. Inchaço de mercado de trabalho com mais de 1000 faculdades de direito no país, profissionais incompetentes, incultos, evidentemente que a prestação jurisdicional será ineficaz.
O que deveria ocorrer é a implantação da metodologia do mestrado e doutorado na graduação. Dessa forma, o aluno teria mais independência e liberdade para escolher e construir seu conhecimento. PORÉM, não é o que interessa aos detentores do saber, eles querem mesmo é concentrá-lo e perpetuar as diferenças de renda, geradoras de injustiças sociais e lutas de classes. Por que cargas d´águas preciso decorar todo o código civil e o penal?????Ou o tributário?????? Nós deveríamos estar discutindo em sala COMO eles estão sendo usados por políticos, juízes e advogados.
No frigir dos ovos, vai dominar o país e o mundo não quem decorou toda aquela lenga-lenga, mas quem soube usar( para o bem ou para o mal) aquelas informações belicosas que são passadas(transferidas!!!!) nas universidades de Direito.
OBS: Proponho um grupo de debate de Paulo Freire na nossa universidade. Seu nome não é para ser colocado em praça ou rua, mas debatido na academia, principalmente nas carcomidas e reacionárias faculdades de direito. Devemos mudar.