sábado, 5 de dezembro de 2009

O ensino jurídico da graduação brasileira: um embuste

A FACE DO ENSINO
Que ensino é esse companheiro????? Os cursos de Direito não possuem pedagogia, não passam de uma formalidade fajuta para obtenção de diplomas para advogar ou fazer concurso público. Salvam-se uns gatos pingados docentes, como já foi exposto nesse blog. Não estou julgando de forma leviana, nesse texto provarei minha tese. Não questiono o conhecimento dos professores, alguns são bem titulados ou passaram em concursos públicos difíceis, o que estou analisando é a pedagogia e o desdém desses docentes para com os alunos. Vejamos os problemas: não há conexão entre graduação e pós-graduação, nenhum incentivo à pesquisa jurídica, não existe ensino crítico , consubstanciando uma completa alienação e desmobilização política. O assuntos jurídicos que estão nos jornais não são comentados, o que deveria ocorrer haja vista estar sendo cobrado no ENADE. A dogmática também é ruim, os assuntos não são abordados em sua completude, resumindo a aula a uma leitura de artigos de códigos como se os estudantes fossem analfabetos( palavras de Dalmo de Abreu Dallari, grande jurista do Largo do São Francisco). A discussão, pesquisa, contraditório e controvérsias doutrinárias sao jogadas para escanteio , além de obrigar o aluno a DECORAR os artigos nas suas minúcias para depois fazer uma prova mnemônica , uma espécie de cabra-cega pedagógica. Isso é uma vergonha, para parafrasear o jornalista. Se for para decorar os códigos, devemos tambem decorar as leis, que são mais de mil, haja banco de dados, nem se socorrendo de habeas data encontraremos locus para tanta informação. O advogado, o juiz ou o procurador, no exercício da sua profissão não apenas pode como deve abrir e consultar a lei, a doutrina e a jurisprudência para fundamentar seus argumentos. Nas provas da faculdade, não pode consultar nada!!!!!!!! Uma insensatez. O que vai diferenciar o bom do mau operador jurídico é exatamente o saber pesquisar e argumentar, ora como posso pesquisar sem abrir os livros e os códigos????? Chega-se à conclusão de que esse é o ensino do fingimento, os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem.

Também há outro agravante no âmbito da pedagogia, a saber, os alunos não têm a prerrogativa de escolher o que estudar, nem no início, nem no fim do curso, ou seja, uma matriz curricular aprisionante e limitada, sem atentar para os talentos e individualidades de cada estudante. Rememoro assim o contundente termo`` indústria cultural `` do filósofo Adorno. Uma tentativa de atrofiar a imaginação e a espontaneidade do consumidor cultural, no caso específico, esse consumidor é o aluno. Ávido por informação e produção, castrado pela autoridade arrogante de farsantes docentes. Paulo Freire dizia que a relação educador---educando deve ser horizontal, sem delineamento de hierarquia, assim o aprendizado se tornaria mais facilitado e agradável, obviamente não é o que se verifica nos cursos jurídicos, com prepotência, truculência e desagrado de professores sem-saco. Apenas preocupados com SUAS pesquisas e títulos, não percebendo a função social da propriedade que detêm: a intelectual. Chega!!!!!!!! Temos que acabar com esse EMBUSTE PEDAGÓGICO, essa INFÂMIA DO ENSINO, esse PROSELITISMO e DEMAGOGIA de universidades de Direito que estão colocando no mercado de trabalho patetas que decoraram o código civil, penal, tributário, entre outros, alienados politicamente e sem capacidade de pesquisa, ensaio e argumentação filosófico-jurídica.

2 comentários:

  1. Apoiadíssmo André!

    A maior prova é que nós aprendemos na biblioteca em 1 dia de estudo em grupo o que não fomos capazes de assimilar em 6 meses com a maioria de nossos ditos professores. É bom lembrar que não são todos, apenas 90%.

    Importante também é evoluir idéias de mudança, pois assim, quem sabe, conseguiremos balançar essa estrutura de manipulação quase imperceptível.
    Lembro que certa vez li: "a primeira fase de uma revolução perante a sociedade é ridicularização, depois vem a forte repressão e, caso você sobreviva, a aceitação."

    Quando nosso colega revolucionário, Pedrão, exibia suas idéias era fortemente ridicularizado, mas logo ganhou adeptos, porém, foi fortemente repreendido, infelizmente parece que morreu.

    Continue e frente e conte comigo porque não permitirei que meus filhos acredite na mesma ladainha que sustenta este país desde 1500.

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  2. O terceiro período dessa universidade foi a coisa mais patética e ultrajante do mundo. Professores truculentos e injustos, com métodos obsoletos que mais lembram os passados e idos tempos do obscurantismo. Deveras, um período para ser esquecido e arquivado nos anais universitários. Saudades de alguns bons e coerentes docentes dos outros períodos.

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