quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cachorrada na nossa política

Onde eu fui me meter? Criar um blog para discutir política... Devemos discuti-la diariamente, não só a política partidária, mas também a cotidiana, que corresponde ao nosso modo de agir perante a sociedade. Pena que a primeira( partidária) seja isso que está caricaturado na foto: uma cachorrada. A origem da corrupção na política remonta a tempos imemoriais, culminando nesse momento lamentável da história do Brasil de dólares em cuecas, mensalões, mensalinhos, arquivamento de denúncias, além das práticas que já se banalizaram, quais sejam, compra de votos, financiamento de campanha seguido de fraudes em licitações, currais eleitorais, et caetera. Prefiro não me alongar nessa discussão, o desejo é falar de nossa política cotidiana: o exercício da cidadania e do civismo.
O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis. Pode significar comunidade, sociedade, cidade-estado, enfim qualquer entendimento referente à vida na pólis. Muitos autores abordaram a temática política, destacando-se Aristóteles e Platão na antiguidade e Maquiavel na modernidade. O primeiro dizia que o homem é um animal político e o último levou às últimas consequências os efeitos da temática no tocante aos governantes, os chamados príncipes. Ante interpretações capciosas do florentino, foi cunhado o termo maquiavélico, infelizmente, tão usado por nossos representantes.
Deve-se utilizá-la de maneira construtiva e humanista, afastando-se de usos egoístas e provincianos. Figuras que como Dom Hélder Câmara bem souberam usá-la em favor dos pobres e miseráveis necessitados, como Marthin Luther King na defesa dos direitos civis e na luta contra o preconceito racial nos EUA. Barack Obama, recentemente laureado com o nobel da Paz, é um grande exemplo na atualidade de bom e culto político. Parece que seus estudos em Harvard e Colúmbia estão surtindo efeitos... Feitos como o fechamento da prisão de Guantánamo e sua atuação diante dos organismos internacionais parecem discrepar dos horrendos atos do presidente anterior George Sapatada na cabeça Bush cachorro(vide tema). Guerras por petróleo, corrida armamentista, perseguição de estrangeiros no território americano, principalmente de mexicanos, desrespeito aos direitos humanos e abandono de regras das entidades internacionacionais, tudo em favor da sanha imperialista do Tio Sam. Mas esse é um ser medíocre, que não será lembrado, senão como objeto de repúdio pela historiografia. Pertencerá ao mesmo rol de figuras malévolas como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Calígula, Collor, Sarney, dentre outros párias.
Para não tergiversarmos, voltemos à política cotidiana, gostaria de insistir nesse ponto. Assistindo a uma palestra do professor e coordenador do curso de filosofia da UNICAP, Karl-Heinz Efken, fiquei tocado com uma frase que disse sobre a importância da filosofia na vida das pessoas: a filosofia não se preocupa com feitos soberbos ou suntuosos e sim com nossa atitude diária, cotidiana baseada na virtude. A verdadeira mudança virá daí e não de atitudes isoladas e sensacionalistas. Isso vai ao encontro do tema proposto, que corresponde ao nosso atuar ante o país e o mundo em um exercício incessante da cidadania, da ética e da moral, respeitando os direitos postos e tentando criticar de forma construtiva os desmandos dos burocratas. Acompanhando as trajetórias e feitos de nossos representantes e debatendo sobre isso( esse é um local apropriado, criado para tal) poderemos mudar, elegendo melhores políticos para que legislem e executem projetos técnicos e sociais para o nosso país.
Creio que a maioria dos que acompanham o blog sejam estudantes de Direito. Também podemos cogitar de política da universidade e pedagógica do curso. Muitos são os debates sobre metodologia, sistemas de provas, monitoria, entre tantas outras. A política cotidiana pode nos auxiliar a melhorar nosso curso em um diálogo aberto com professores e coordenadores sempre no nobre propósito de melhoria na formação dos futuros advogados, juízes e promotores da lei. Como já exposto aqui no blogschuler, a política partidária é pouco debatida pelos professores, os quais não trazem a discussão à baila. Essa lógica deve ser modificada a partir do alunado, em um movimento de reação a essa situação alienante, afinal de contas Carl Schmitt dizia: o Direito é a política jurisdicizada. Nossa universidade, não pode ser palco de um corte epistemológico do real a partir do Capital, os objetivos perseguidos em uma faculdade não podem ser meramente técnicos sequenciais, preparando-se o indivíduo para a batalha do mercado.... Nada disso, é necessário a formação cultural e ampla de cidadãos que possam contribuir de forma crítica e reflexiva para desfazermos o que já foi suscitado aqui no blog: 2/3 da população terrestre encontra-se abaixo da linha da pobreza, vivendo com menos de dois dólares ao dia. Assistindo a um programa do Roda Viva aqui no youtube em 1999 com Marilena Chauí, ela foi enfática: `` devemos refutar essa ideia neoliberal que se instalou em uma tentativa mal-sucedida de atrofiar a universidade à lógica capitalista``. É isso, a provocação está feita, vamos debater.

4 comentários:

  1. Entendo que a forma de fazer política de maneira consciente seja a sugerida no texto, pena que a realidade mostra que impera de forma errônea, os intereses individuais dos políticos que esquecem as promessas feitas no período das campanhas eleitorais, as quais se cumpridas trariam resultados positivos para o nosso povo.
    Parabéns pela iniciativa!

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  2. Concordo em vários pontos, mais ainda nos seguintes:
    O debate político deveria fazer parte do nosso cotidiano estudantil e não ser posto em pauta paulatinamente, bacharelando em direito, ou não; Como devemos extinguir a relação entre Ensino Superior e 'mina de ouro'.

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  3. Uma proposta interessante seria estudarmos ética na universidade,importando uma cadeira do curso de filosofia para o Direito, respondendo ao seu questionamento. Outro é criarmos órgãos de controle externo e independentes nos poderes da republiqueta. Como, por exemplo, ministros de tribunais de contas não são técnicos de carreira do tribunal ou do ministério público? Auditores ou procuradores? São indicações políticas de medalhões de nosso congresso ou do executivo. Isso é um cambalacho!!!!!!
    PEC do tribunal de contas já!!! E não PEC de cartórios!!! Abaixo ao poder do capital e suas ingerências em nossa política.

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  4. Muito interessante o seu posicionamento. Acho que o controle externo exercido com imparcialidade e competência pode intimidar abusos de autoridade e ingerência no manuseio de verbas públicas. E para completar, o ensino precisa ser revisto já. Boas ideias. Gostei.

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